domingo, setembro 25, 2011

Livros/Cinema: As 127 horas de Aron Ralston

Aron Ralston. Foto: Wikipedia
Todo mundo já conhece a história: em maio de 2003 Aron Ralston saiu para uma trip solitária em um cânion isolado, na área desértica de Canyonlands, em Moab, Estado de Utah/EUA. Lá deslocou uma pedra que lhe prendeu definitivamente o antebraço contra a parede do cânion.

Canyonlands/EUA. Foto: Wikipedia
127 horas depois, desidratado, sem comida e com a gangrena avançando pelo membro esmagado, como único meio de sobrevivência Aron cortou o próprio braço com um canivete e, em condições extremas, conseguiu sair sozinho do cânion até encontrar socorro.

A "Grande Galeria", no Horseshoe Canyon, local onde se acidentou Aaron Ralston.
Foto: Wikipedia
Esta incrível história de superação poderia ter tido um final trágico não fosse a grande experiência de Aron em atividades outdoor e os conhecimentos básicos necessários de como realizar a  improvisada cirurgia e sobreviver a ela e ao ambiente inóspito onde se encontrava.

Resistência, força moral e física, coragem sobre-humana, preparo psicológico, autocontrole, conhecimentos técnicos, audácia, inteligência... Uma quantidade imensa de adjetivos poderiam ser invocados para qualificar Aaron que depois do feito se transformou em uma celebridade no mundo outdoor e no circuito de palestras motivadoras.

Outside Magazine, Setembro/2004
Eu soube da história acompanhando a assinatura da Outside Magazine, onde Ralston foi personagem de capa na edição de setembro de 2004.

Também estive certa vez em Canyonlands, Utah, onde um dos maiores perigos para os praticantes de canionismo é justamente estar preso dentro de um cânion durante uma enxurrada. Isto sem considerar ainda um braço esmagado sob uma pedra enorme.

Passados alguns anos, em 2011 foi lançado no Brasil o filme 127 Horas (127 Hours) e, na sua esteira, o livro, que aqui recebeu o mesmo título.

Não pude deixar de conferir as duas mídias e procurei não ler qualquer artigo de crítica antes de o fazê-lo. Já saber como termina a história e que o mordomo não é o assassino prejudica um pouco a expectativa de ler o livro e ver o filme.

A técnica literária adotada por Aron no seu livro é bem conhecida quando se quer estender uma história originalmente curta e o autor vai entremeando na narrativa pequenos textos com outras referências que complementam o tema da obra. Não que isto seja uma regra pois Bruce Chatwin a utilizou magistralmente em "Na Patagônia", um verdadeiro clássico das narrativas de viagem.

Mas no caso de 127 Horas ainda fico com a objetividade de "Tocando o Vazio", de Joe Simpson pois achei um pouco cansativa e um tanto excessiva a longa descrição de Ralson de toda a sua formação no montanhismo e vida de aventuras, enquanto o tema principal do livro acaba, por vezes, ficando em segundo plano. E não falta humildade ao autor. Fiquei na dúvida se um "ghostwriter" não o ajudou a redigir a obra. Fica aí o meu palpite.

De qualquer forma vale a pena conhecer a história, um exemplo de coragem e superação, principalmente para aqueles que trabalham com segurança em atividades outdoor e resgate em locais remotos. Sem dúvida a criatividade de Aron salvou a sua vida pois com os poucos pertences que tinha com ele conseguiu improvisar um sistema de suporte de vida que o ajudou a sobreviver onde qualquer outro certamente teria perecido. Também são bastante interessantes as fotos originais feitas por ele nesta já mundialmente célebre jornada.

O ator James Franco como Aron Ralston. Desempenho e semelhança  física impressionantes! Foto: Divulgação

Já o filme assisti em DVD e, comparado com a obra escrita, vai direto ao ponto, quase um documentário. O trabalho de James Franco no papel de Ralston está excelente e a semelhança física é impressionante.

Gravar um filme inteiro retratando alguém que passa 127 horas em um mesmo lugar é com certeza um desafio e o produtor Danny Boyle mandou bem. Com um tema onde o uso de recursos tecnológicos fica bastante limitado, ele abusou da música, iluminação, perspectivas, composição, tudo com uma caprichada direção de fotografia.

A tônica do diretor foi exacerbar o foco nos pequenos utensílios levados por Aron e a partir dali ir ir traçando a perspectiva do filme. Todavia, mesmo tendo recebido seis indicações para o Oscar, lá pelas tantas o filme cansa com as constantes intervenções das memórias do aventureiro e a gente quer logo chegar na parte final para ver como ele cortará o braço....

Enfim, com um grande realismo e bastante convincente, recomendo tanto o livro quanto o filme, em especial para a galera que gosta de uma aventura longe dos confortos da civilização. Junto com o já cult "Tocando o Vazio", de Joe Simpson, esta certamente é uma história que veio para ficar e se tornará um dos grandes clássicos da aventura.

Ah, e quando sair para uma destas aventuras, por favor, não esqueça de deixar um bilhete para sua mãe avisando para onde foi!

127 Hours. Foto: Divulgação

- 127 Horas, o filme: 94 minutos, lançado no Brasil em 2011, disponível em DVD


- 127 Horas, o livro: São Paulo: Seoman, 2011, 415 p., ISBN 978-85-98903-25-5, R$ 39,90




terça-feira, setembro 20, 2011

20 de Setembro: A grande festa gaúcha!


Aprendendo a matear. São José dos Ausentes/RS
Foto: JPLucena
Hoje foi feriado estadual no Rio Grande do Sul quando comemorou-se a data máxima gaúcha: o aniversário da Revolução Farroupilha, também conhecida como a Guerra dos Farrapos.

Iniciada fundamentalmente por motivos econômicos e políticos em 1835, o Rio Grande declarou-se Estado independente até que, quase que por exaustão, a paz foi selada  com o Império do Brasil.

Não adentrando aqui em detalhes históricos, não há como se conhecer a cultura gaúcha sem relacioná-la com este importante fato que, anualmente, é celebrado em todos os recantos do Estado.

Afinal, apesar das teses separatistas não encontrarem há muito solo fértil no Rio Grande do Sul, recente pesquisa demostrou o que todo mundo já sabia por aqui: a maioria de 54% da população prefere cantar o hino riograndense ao hino nacional, enquanto boa parte dos brasileiros sequer conhece o hino do seu Estado.

E neste ano não foi diferente. Apesar da chuva fina milhares de pessoas assistiram em Porto Alegre e na maior parte das cidades do interior ao desfile do 20 de Setembro, manifestação única de um movimento de resgate da cultura nativa iniciado em 1947 e que deu origem aos conhecidos Centros de Tradições Gaúchas (CTG´s), espalhados por todo o país.

Ter amor à terra em que nascemos, àquela em vivemos ou à que levamos no coração, de modo algum pode ser traduzido como bairrismo, mas trata-se de escolher um pequeno pedaço deste mundo para plantar raízes, alicerçar as referências e formar a identidade que nos diferenciará - pelo menos um ínfimo - de outros 7 bilhões de seres humanos neste planeta.

Mesclando em metades iguais sangue crioulo e italiano na minha origem, não neguei a força do DNA e as tradições familiares. Não cheguei a ir à Avenida sob a chuva como fizeram  portoalegrenses de todas as idades, com seus ponchos, chapéus, guarda-chuvas e o inseparável chimarrão, mas assisti à bela festa em transmissão direta pela televisão.

Desfile Farroupilha em Porto Alegre - 2011
Foto: Fabio Berriel/Freelancer
Deixo aqui transcrito um poema de Glaucus Saraiva, clássico da literatura gaúcha, e algumas imagens da companhia inseparável do gaúcho, não só o habitante do Rio Grande do Sul, mas aquele personagem que ultrapassa fronteiras e que melhor representa a identidade cultural do pampa sul-americano.

"Chimarrão

Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata.
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno,
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão,
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.

Trazes à minha lembrança, 
Neste teu sabor selvagem, 
A mística beberagem, 
Do feiticeiro charrua, 
E o perfil da lança nua, 
Encravada na coxilha,
Apontando firme a trilha, 
Por onde rolou a história, 
Empoeirada de glórias, 
De tradição farroupilha.

Em teus últimos arrancos, 
Ao ronco do teu findar, 
Ouço um potro a corcovear, 
Na imensidão deste pampa, 
E em minha mente se estampa, 
Reboando nos confins , 
A voz febril dos clarins, 
Repinicando: "Avançar"!
E então eu fico a pensar, 
Apertando o lábio, assim, 
Que o amargo está no fim, 
E a seiva forte que eu sinto, 
É o sangue de trinta e cinco, 
Que volta verde pra mim."

Nova Petrópolis/RS
Foto: JPLucena

O mate unindo culturas. Vallecitos/Argentina
Foto: JPLucena
Ninho das Águias, Nova Petrópolis/RS
Foto: JPLucena

Nos Andes... Vallecitos/Argentina
Foto: JPLucena

Brasileiros, uruguaios, argentinos, chilenos e paraguaios, o mate sempre como boa companhia.
Cordilheira dos Andes/Argentina. Foto: JPLucena

Posto de combustível civilizado já tem máquina de água quente para o chimarrão!
Em algum lugar do pampa argentino. Foto: JPLucena

A piscina congelou? Não tem problema, combata o frio com um chimarrão bem quente!
Villa Carlos Paz/Argentina. Foto: JPLucena
O autor deste blog em Torres/RS... Foto: Ana Karina Belegantt

Não há como um bom mate para auxiliar na hidratação em alta montanha, seja na Cordilheira Real, na Bolívia... Foto: JPLucena

...seja na barraca dos guias no Aconcágua/Argentina...
Foto: JPLucena
...ou num belo dia de inverno na costa do Uruguay!
Foto: JPLucena


quarta-feira, setembro 14, 2011

Fotografia: Segunda sessão de autógrafos do Livro Ilustrado da Sul Sports neste sábado 17/9!



Se você não foi uma das 400 pessoas que estiveram na sessão de lançamento do Livro Ilustrado da Sul Sports , não se preocupe pois terá uma segunda chance no próximo final de semana!

Neste sábado à tarde e em plena Calçada da Fama, em Porto Alegre, teremos uma segunda sessão de lançamento do livro, agora ao ar livre, com direito a exposição de fotografias e um coquetel da Cerveja Devassa para comemorar a primavera que está chegando.

Eu e alguns dos demais 20 fotógrafos-autores estaremos esperando vocês por lá, na Rua Padre Chagas, 347, entre 16h00 e 19h00.

Até sábado!!


POSTAGENS RELACIONADAS:


- 25/07/2011 - Fotografia: O Livro Ilustrado da Sul Sports - Lançamento 29 de agosto!
- 30/08/2011 - Fotografia: As 12 fotos escolhidas para o Livro Ilustrado da Sul Sports
- 14/09/2011 - Fotografia: Segunda sessão de autógrafos do Livro Ilustrado da Sul Sports neste sábado 17/9!
- 31/10/2011 - Fotografia: 400 pessoas na sessão de autógrafos do Livro Ilustrado da Sul Sports
- 29/10/2011 - Fotografia: Livro Ilustrado da Sul Sports na Feira do Livro de Porto Alegre dia 1º/11

domingo, setembro 04, 2011

Espeleologia/Chapada Diamantina: Nos subterrâneos da Bahia 1

Raio de luz na Caverna do Poço Encantado. Chapada Diamantina/BA
Foto: João Paulo Lucena

Pessoal, nesta semana estréia o primeiro dos dois episódios sobre as grutas e mergulhos subterrâneos na Chapada Diamantina, onde estive em abril deste ano acompanhando como fotógrafo outdoor o Programa Adrenalina.

Na ocasião tive o privilégio de captar uma imagem muito difícil, não só pela técnica necessária de fotografia em baixa luz dentro de cavernas, mas também pelo fato de que somente em alguns dias do ano é possível ver o raio de luz que adentra a Gruta do Poço Encantado, iluminando um maravilhoso lago subterrâneo (imagem acima).

Seguem algumas fotografias da viagem, dois pequenos clips e o release do episódio que vai ao ar no Canal Futura (Sky 8 e Net 32) nesta quarta-feira, às 21h00, repetindo no domingo às 4h30 e às 17h30 e na segunda-feira às 20h00.

Gruta da Pratinha - Chapada Diamantina
Foto: João Paulo Lucena
Caverna do Poço Azul - Chapada Diamantina
Foto João Paulo Lucena

Caverna do Poço Azul - Chapada Diamantina
Foto João Paulo Lucena

Caverna do Poço Azul - Chapada Diamantina
Foto João Paulo Lucena

Caverna do Poço Encantado - BA
Foto: João Paulo Lucena
"RELEASE EPISÓDIO  4 -  GRUTAS DA CHAPADA DIAMANTINA - Localizada no coração do estado da Bahia, a Chapada Diamantina oferece diversos locais para visitação, entre eles, o poço Encantado e o poço Azul, locais de rara beleza que devem ser preservados.
       O Programa Adrenalina vai ao poço Encantado que fica no município de Itaitê e é um dos locais mais lindos do mundo! Durante os meses de abril até setembro entra na gruta um raio de sol, que dá um grande espetáculo. A luz do sol consegue mostrar a profundidade de quase 60 metros do poço numa água cristalina e azulada, um momento mágico. Foi descoberto no poço o Peixe Gato, uma espécie rara, sem pigmentação e sem sistema ocular, única no mundo, que recebeu o nome científico de Rhamdiospsis krugi em homenagem ao seu descobridor, o guia de turismo Luiz Krug .
      Depois a equipe do Programa Adrenalina chega ao poço Azul, com águas cristalinas e transparentes. Os apresentadores fazem um mergulho de flutuação e com coletes e máscaras de mergulho observam emocionados um local cheio de mistérios. No poço Azul já foram descobertos cerca de 3 mil unidades de fósseis de animais pré-históricos como a Preguiça Gigante, Tigre Dente de Sabre, Mamute, Hipopótamo e ossos humanos de 3 à 6 mil anos.
       Na segunda parte do programa, a equipe do Programa Adrenalina vai ao município de Lençóis e faz um trekking até a Gruta do Lapão, uma das maiores do Brasil e um dos locais mais visitados da Chapada Diamantina. Lá, fazem um rapel emocionante de 50 metros descendo até o interior da Gruta. Logo em seguida, eles têm um novo desafio, vão ao Parque Municipal da Muritiba, onde antigamente existia muito diamante, e escalam as rochas de conglomerado da via Café com Leite.
Informações :

FORA DA TRILHA ESCALADA: www.foradatrilha.com.br
CHAPADA CONVENTION BUREAU: www.chapada.org
NAS ALTURAS ATIVIDADES DE MONTANHA: www.nasalturas.net
CHAPADA ADVENTURE: www.chapadaadventure.com.br
VENTURAS E AVENTURAS: 
www.venturas.com.br"