segunda-feira, fevereiro 24, 2014

Aparados da Serra: Video raro do Cânion Itaimbezinho em 1957

Cânion Itaimbezinho, Parque Nacional de Aparados da Serra
João Paulo Lucena, 1994

De vez em quando surge alguma pérola esquecida nos fundos de algum arquivo ou gaveta de armário velho.

Foi o caso deste vídeo institucional de 1957 do Cânion Itaimbezinho, no então recém-criado Parque Nacional de Aparados da Serra.

De acordo com a informação associada a este arquivo no YouTube, consta que se trata de um rolo de 35 mm, sem outros detalhes. Apesar da baixa qualidade da digitalização, vale pelo documento histórico e pela curiosidade de ver um seleto grupo de turistas bem arrumados e comportados descer um ônibus estacionado em pleno "cotovelo" do cânion, há mais de 50 anos, em local cujo acesso hoje em dia somente é permitido à pé.


quinta-feira, fevereiro 06, 2014

História: Arqueólogos descobrem vestígios pré-coloniais no centro de Porto Alegre

Trabalhos de prospeção arqueológicas na Avenida Edvaldo Pereira Paiva.
Fonte: Arqueologia em Porto Alegre

Tenho especial predileção e interesse por temas ligados à história e arqueologia e a notícia da descoberta de novos vestígios pré-coloniais indígenas no centro de Porto Alegre me fascinou ao abrir o jornal hoje pela manhã.

Porto Alegre foi fundada por casais de açorianos no século XVI à margem do Guaíba e consta que anteriormente a região já era habitada desde 11 000 anos atrás por índios tapuias, mais tarde expulsos por povos do tronco linguístico tupi provenientes da Amazônia. 

Depois da assinatura do Tratado de Madrid  em 1750, o rei de Portugal determinou o povoamento do sul do Brasil por açorianos e cerca de mil casais se espalharam pelo litoral entre Osório e Rio Grande, e um pouco pelo interior. Cerca de 500 pessoas se fixaram em 1752 à beira do lago Guaíba, no chamado Porto de Viamão, o primeiro nome da futura Porto Alegre. Conheça mais sobre a história da cidade AQUI.

Trabalhos de arqueologia urbana no centro histórico de Porto Alegre/RS.
Fonte: Jornal Zero Hora
O ineditismo das atuais descobertas se refere à probabilidade de que grupos indígenas provenientes da região da serra gaúcha tenham também ocupado a zona onde está hoje o centro da cidade, dando indícios de deslocamentos humanos em grandes distâncias ainda na época pré-colonial.

As escavações feitas em um trecho da obra de duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva ainda estão revelando vestígios de edificações posteriores à chegada dos colonos europeus e construídas entre 1830 e 1820.

Por coincidência, ontem mesmo visitei na web o site Arqueologia de Porto Alegre, onde mais notícias e imagens sobre o tema poderão ser encontradas.

Veja a íntegra da notícia publicada hoje no Jornal Zero Hora, em matéria da repórter Débora Ely.


06 de fevereiro de 2014 | N° 17696

SÍTIO ARQUEOLÓGICO

História indígena sob solo urbano

Trabalho na região da Avenida Beira-Rio revela materiais pré-coloniais

Fonte: Jornal Zero Hora
Ao procurar vestígios de casas construídas no século 19 na região da Praça Brigadeiro Sampaio, o arqueólogo Alberto Tavares descobriu que o buraco ficava, literalmente, mais embaixo: desvendou, também, materiais indígenas do período pré-colonial. A presença de cerâmicas e flechas características de povos do Planalto no subsolo ainda reforça a tese de que não foram os guaranis a única população a usufruir das águas do Guaíba.

Enquanto a definição da polêmica envolvendo o corte de árvores para a duplicação do chamado trecho quatro da Avenida Edvaldo Pereira Paiva não chega ao fim, escavações arqueológicas estão sendo executadas desde o ano passado na área já conhecida pela sua riqueza histórica.

Na primeira camada da trincheira aberta junto à Avenida Presidente João Goulart, foram encontrados escombros de casarões que existiram entre os anos 1830 e 1920. Mais abaixo, estão fragmentos de louças que, apesar de ainda não terem passado por análise laboratorial, dão indícios de pertencer aos primeiros portugueses que chegaram a Porto Alegre. Mas foi somente o último estrato, onde estavam itens anteriores a 1700, que surpreendeu o grupo responsável pelas escavações.

– Ainda estamos na etapa de campo, ou seja, precisamos analisar todo o material para fazer afirmações. Mesmo assim, encontrar no centro de Porto Alegre vestígios da ocupação pré-colonial é uma surpresa muito grande, ainda mais por se tratarem de itens característicos de populações que viviam nas áreas mais altas do Estado, onde hoje chamamos de Serra. Esse povo possui um tipo específico de decoração das cerâmicas, diferente dos guaranis. É um material menor e com muitos pontilhados – explica Tavares.

O arqueólogo compara o terreno à ponta de um iceberg, já que se sabe da existência de um rico sítio arqueológico nas imediações. Após a análise, os objetos serão levados ao acervo do Museu Joaquim José Felizardo para servirem como fonte de pesquisa. Para o coordenador da Memória Cultural da Secretaria Municipal da Cultura, Luiz Antônio Custódio, o trabalho demonstra o potencial histórico existente sob o solo da Capital.

– Só se tinha registro, em Porto Alegre, da tradição guarani. Agora, esses achados arqueológicos dos habitantes do Planalto, que tradicionalmente não se encontravam na cidade, demonstram a mobilidade da população do passado, ou seja, que eles também circulavam por outros nichos, como nas praias e nos estuários – avalia.

Também durante os trabalhos de duplicação da avenida, em agosto de 2013, foram encontrados alicerces da Casa de Correção – antiga cadeia do município.

debora.ely@zerohora.com.br



RELEMBRE
Descobertas arqueológicas na capital do Estado
- Por volta de 1996, na localidade da Rua General Portinho, arqueólogos localizaram muros da antiga Praça da Harmonia, inaugurada após a Guerra do Paraguai em comemoração à paz que deveria reinar entre os países da Bacia do Prata.
- Nos anos 2000, próximo à Usina do Gasômetro, foi localizada pela primeira vez a estrutura da antiga Casa de Correção e alguns vestígios da antiga usina termelétrica, responsável pelo fornecimento de energia a Porto Alegre durante escavações para implantação de rede de gás na região.
- Entre 2010 e 2011, obras da CEEE no sítio arqueológico revelaram resquícios da cadeia e da usina termelétrica, além de casas, outros paredões da Praça da Harmonia e uma lixeira do século 20.
- Em agosto de 2013, a equipe do arqueólogo Alberto Tavares deu início ao acompanhamento das obras de duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva nas imediações da Usina do Gasômetro. Na metade do mês, encontraram outras estruturas da antiga cadeia. Já em dezembro, localizaram os primeiros materiais pré-coloniais existentes na área.