segunda-feira, janeiro 25, 2010

Náutica/Fotografia: Velejando no Guaíba - "Tranquilo", um refúgio na Ponta Grossa



Com uma boa previsão de tempo e vento para o final de semana, embarcado no Tethys rumei para um pernoite no local chamado de "Tranquilo", uma prainha na costa norte da Ponta Grossa, pequena península que avança sentido leste-oeste sobre o Rio Guaíba, em Porto Alegre.


(Foto acima por Ana Karina Belegantt)



Bastante afastada do centro da cidade, a Ponta Grossa é recoberta por uma exuberante vegetação nativa e está na zona rural de Porto Alegre, sendo ocupada basicamente por sítios e sedes sociais de clubes e associações.

Consta inclusive que um sítio pré-histórico de ocupação guarani já foi localizado nesta área (Vide http://plaza.ufl.edu/dmcosta/Downloads/Costa_2001.pdf), sendo a mesma uma referência geográfica constante em antigas cartas topográficas e náuticas desde o século XVI.


Dentre os navegadores do Guaíba a península também é bem famosa por oferecer um conhecido perigo à navegação, as perigosas "Baleias da Ponta Grossa", afloramentos de granito similares aos da Ilha das Pedras Brancas (Presídio), Ilhota da Piava e outras e que servem de pouso para bandos de biguás durante os dias de verão.

Como vizinhos ninguém além do veleiro Easy Wind, o sussurro da brisa e o marulhar do rio nos costados do Tethys.



A tarde quente garantiu um banho de rio e um entardecer como sempre surpreendente para quem conhece o famoso pôr-do-sol no Rio Guaíba...




Para captação de todas estas imagens foi utilizada uma câmera Canon G9. Fotos João Paulo Lucena. Proibida reprodução desautorizada.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Náutica: Mulheres poderosas - Com 16 anos Jessica Watson quebra recorde de navegação em solitário

A velejadora australiana Jessica Watson, de 16 anos, enfrentando ventos de 40 nós quebrou no último dia 14 um recorde mundial de vela ao ser a mais jovem skipper a dobrar o Cabo Horn singrando em solitário, região de extremo perigo para a navegação.

Desde que Joshua Slocum pela primeira vez deu a volta ao mundo em solitário na década de 1890 pilotando o Spray, muitos vem tentando reproduzir esta arriscada jornada, digna de constar em qualquer currículo e considerada o maior desafio existente no mundo náutico.

Jessica tem como objetivo ser a pessoa mais jovem a dar a volta ao mundo velejando em solitário, sem escalas e sem assistência e para isto comanda o Ella´s Pink Lady, um veleiro cor-de-rosa de 34 pés.

A velejadora mantém um site (http://www.jessicawatson.com.au/) e um blog (http://youngestround.blogspot.com/).

Veja aqui o seu registro em vídeo o cruzar o Cabo Horn :

Fotos: divulgação Jessica Watson

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Explorações/Antártida: As bases polares de Shackleton e Scott - A preservação de monumentos em condições extremas

 (Foto de Robert Scott no abrigo da Ilha de Ross em 1911)

Pesquisando informações sobre a conquista do Continente Branco para a minha última postagem sobre Ernest Shackleton (vide http://terra-australis-br.blogspot.com/2010/01/livrosnautica-sackleton-e-o-endurance.html), achei interessantíssimo saber que vários abrigos polares contruídos e ocupados pelos primeiros exploradores do Pólo Sul ainda encontram-se preservados pelo frio nas mesmas condições em que foram deixados há aproximadamente um século atrás. Alguns ainda com alimentos sobre a mesa e roupas estendidas, como se seus donos fossem retornar a qualquer momento.

Apesar da combinação de frio e isolamento extremos ter possibilitado a preservação destes abrigos, considerados hoje monumentos históricos pela Unesco, alguns outros fatores como a salinidade vêm causando a sua deterioração, principal objeto de preocupação de uma instituição chamada Antartic Heritage Trust (http://www.heritage-antarctica.org/aht.htm).

Os projetos de preservação do patrimônio mantidos pela Antartic Heritage se dão durante todo o ano polar e são especialmente focados nos remanescentes da "Era Heróica" das explorações, compreendida entre 1895 e 1917.

Apenas a Inglaterra apoiou pelo menos cinco grandes expedições, também conhecidas pelo nome dos navios que as conduziram à Antártida:

  • British Antarctic Expedition, 1898-1900 (Southern Cross)
  • British National Antarctic Expedition, 1901-04 (Discovery)
  • British Antarctic Expedition, 1907-1909 (Ninrod)
  • British Antarctic Expedition, 1910-1913 (Terra Nova)
  • Imperial Trans-Antarctic Expedition, 1914-16 (Endurance)

Foi neste período que expedicionários de várias nações competiram entre si para serem os primeiros a atingir o Pólo Sul, finalmente conquistado pelo norueguês Roald Amundsen em 1911. Amundsen foi seguido em um mês pelo britânico Robert Falcon Scott, cuja foto abre esta postagem e que, com toda a sua equipe, sucumbiu ao frio e à fome no caminho de retorno e a apenas 17 quilômetros de um depósito de comida.

(Foto recente do abrigo utilizado pela expedição de Scott em 1911)

Além de chegar ao pólo as expedições da Era Eróica também objetivavam a coleta de dados científicos e o pioneirismo na exploração interna do continente antártico, descobrindo platôs, vulcões e espaços onde jamais outro ser humano havia estado antes. Nestes casos era usual que cada expedição construísse pelo menos um abrigo polar para que lhe servisse de base de apoio e refúgio, onde eram armazenadas provisões e equipamentos.

A expedição de Shackleton de 1907-1909 (anterior à viagem do Endurance) que tentou chegar ao Pólo Sul e retornou a 156 quilômetros do seu objetivo, instalou um abrigo em Cape Royds e foi a primeira a fazer a ascenção do Monte Erebus, o vulcão ativo mais ao sul do planeta. Nesta base Shackleton e sua equipe se abrigaram quando deixaram o navio Nimrod para invernar em Ross Island em 1908.

("I thought, dear, that you would rather have a live ass than a dead lion." - Eu pensei, querida, que você preferiria ter um traseiro vivo do que um leão morto /tradução livre - Sir Ernest Shackleton para sua esposa Emily, depois de caminhar 1700 milhas e decidir retornar a apenas 97 milhas do Pólo Sul)

Projetado e pré-fabricado na Inglaterra, o abrigo possui capacidade para abrigar até 15 pessoas em um espaço único, tendo sido improvisada inclusive uma garagem e um estábulo para abrigo dos automóveis, cães e poneis utilizados pela expedição.

Ali ainda estão hoje os equipamentos e pertences pessoais da equipe de Shackleton, além de roupas, livros e alimentos, muito deles enlatados e preservados pelo frio polar. Mais de 5 mil objetos foram catalogados e os trabalhos de preservação deste monumento histórico foram completados pela Antarctic Heritage.

Já a base instalada por Scott para servir de apoio à expedição Discovery de 1901 e projetada para durar apenas 5 anos (já resistiu a mais de 100!) contém cerca de 8 mil objetos a serem conservados e que foram deixados para trás pelos exploradores que a ocuparam. São latas de comida, equipamentos e roupas que contam um pouco da história de coragem, conquista e luta pela sobrevivência em um dos ambientes mais inóspitos do planeta para a vida humana.

Os restauradores e técnicos em conservação que estão trabalhando na preservação do abrigo polar de Scott são neozelandeses baseados permanentemente na Antártida e mantém um interessante blog sobre os seus trabalho no link /http://www.nhm.ac.uk/antarctica-blog/.

Confira aqui o trabalho da Antartic Heritage Trust no abrigo polar de Shackleton em Cape Royds:


POSTAGENS RELACIONADAS NESTE BLOG:



Expedições/Antártida: Whisky de 1898 descoberto no abrigo polar de Shackleton

 PARA SABER MAIS:

Veja a história das bases em http://www.heritage-antarctica.org/AHT/TheExpeditionBases

Veja interessantíssimas galerias com imagens históricas e atuais: http://www.heritage-antarctica.org/AHT/ModernImageGallery/

BBC News - Scott's hut needs urgent repair: http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/1695897.stm

Scott Polar Research Institute: http://www.spri.cam.ac.uk/

Imagens históricas completas das expedições britânicas à Antártida (imperdível!): http://www.spri.cam.ac.uk/library/pictures/expeditions/

terça-feira, janeiro 12, 2010

ESPECIAL - Livros/Náutica/Fotografia: Shackleton, Hurley e a inacreditável saga do Endurance!


"Do ponto de vista sentimental, esta é a última grande jornada polar que pode ser feita."
(Sir Ernest Shackleton, Expedition Prospectus)
Não há navegador ou interessado em história das explorações que não conheça o nome de Sir Ernest Shackleton (1874-1922), e nem de estudioso da fotografia que alguma vez não tenha se deliciado com as imagens em chapa de vidro captadas pelo fotógrafo da expedição, o australiano Frank Hurley (1885-1962).

Apesar de muito já ter sido escrito sobre estes fatos, dada a temática deste blog e como aficcionado tanto da fotografia quanto da navegação, eu não poderia deixar de fazer especialmente meus apontamentos sobre a incrível viagem do Endurance e as fascinantes personalidades de Ernest Shackleton e Frank Hurley.

Era o ano de 1914 e os pólos da Terra já haviam sido conquistados - o norte por Amundsen em dezembro de 1911 e o sul por Scott em janeiro de 1912. Sobrevivente de duas tentativas sem sucesso de chegar ao ponto central da Antártida, Shackleton participara da expedição de Scott em 1901-1904 e chefiara a sua própria no biênio 1908-1909, chegando a apenas 150 km do Pólo Sul.

Assim como muitas outras construções históricas preservadas pelo frio antártico, o abrigo polar construído por Shackleton durante a Expedição Ninrod em janeiro de 1908 ainda hoje existe em Cape Royds.



Enquanto iam esgotando os grandes desafios exploratórios do homem e ao ribombar dos primeiros canhões da I Guerra Mundial, a Expedição Imperial Transantártida, liderada por Sir Ernest Shackleton e com autorização do próprio Churchill, partiu da Inglaterra para tentar a primeira travessia à pé do continente branco cruzando o pólo sul, num total de 2000 milhas de percurso.

Embora Shackleton tenha restado longe de atingir seu objetivo, os feitos que se seguiram à sua chegada ao Continente Branco são mais surpreedentes e importantes do que aquele originalmente pretendido. A audácia, a engenhosidade, a técnica, o despreendimento, a tenacidade, a inteligência, a força física e moral, a capacidade de resistir à fúria dos elementos naturais e a incomparável liderança o colocam dentre os modelos a serem admirados pelos seus contemporâneos e pelas gerações que o seguiram.

O aviso de recrutamento para a expedição polar distribuído por Shackleton era de uma honestidade brutal, exatamente esta a sua intenção:
"Men wanted for hazardous journey. Small wages. Bitter cold. Long months of complete darkness. Constant danger. Safe return doubtful. Honour and recognition in case of success."
("Necessita-se homens para jornada arriscada. Salários baixos. Frio implacável. Longos meses de completa escuridão. Perigo constante. Retorno seguro duvidoso. Honra e reconhecimento em caso de sucesso." - tradução livre)
Após recrutar a sua tripulação na Inglaterra e preparar o navio polar Endurance, além dos 28 membros da expedição seguiam também cães destinados à tração de trenós e uma grande quantidade de equipamentos a serem usados na travessia. Navegaram até as ilhas Georgia do Sul onde aportaram na estação baleeira Stomness e dali direto ao ponto onde deveriam desembarcar no continente antártico.

Todavia, em pleno Mar de Weddell e a apenas um dia de navegação do Continente Antártico, "como uma amêndoa num chocolate" o Endurance ficou preso no gelo solidificado.



Sem muito mais a fazer além de aguardar a reabertura do mar no final da estação, os membros da expedição prepararam-se para invernar, primeiro instalando os cães em pequenos iglus fora do navio e depois ocupando-se com atividades de leitura, fainas do barco, pesquisas, apresentações teatrais, jogos e longas caminhadas sobre o gelo.

Entretanto, ao contrário do esperado, no início da primavera o casco do navio não resistiu à pressão dos imensos blocos de gelo que iniciavam a movimentar-se e o sonho de conquistar a Antártida submergiu esmagado junto com o Endurance, iniciando ali uma das maiores sagas em busca da vida já registradas pela história da navegação.

Em suas memórias de viagem ("Sul"), o próprio Shackleton diagramou o esfacelamento do navio pelo gelo antártico:


Os tripulantes do Endurance retiraram tudo o que lhes poderia ser útil dos destroços do navio, inclusive trenós e três pequenas embarcações de apoio (uma delas, o James Caird, viria a entrar nos anais da história náutica junto com o Endurance pelos feitos que se seguiram).

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ATUALIZAÇÃO ESPECIAL: Em 09/03/2022 foi mundialmente noticiada a descoberta do naufrágio do Endurance a 3.008 m de profundidade no Mar de Weddell e excepcional estado de conservação. Veja postagem relacionada AQUI!
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Acamparam então sobre o gelo, caçando pinguins e focas para complementar a alimentação dos homens e dos cães e deles obter gordura para produção de calor e luz. Derivaram assim sobre a imensa banquisa de gelo durante seis meses, tempo durante o qual os cães precisaram ser sacrificados e os marinheiros foram obrigados a movimentar continuamente seu acampamento em função do fracionamento do gelo que começava a derreter.

Um destes locais foi chamado por Shackleton de "Ocean Camp" e dali moveram-se para um segundo local batizado de “Patience Camp”. Na imagem abaixo Frank Hurley e Shackleton (à direita) ao lado de um fogão alimentado com gordura de focas e pinguins no Patience Camp.

Na medida em que as condições da banquisa começaram a ficar bastante perigosas, Shackleton determinou que seus homens preparassem os escaleres para serem utilizados a qualquer momento, sempre acompanhando as mudanças de local dos acampamentos sobre o gelo.

Quando as condições de desfazimento da camada de gelo tornaram-se extremas os homens enfim lançaram-se ao Atlântico Sul nos três pequenos botes recuperados do naufrágio. Numa desesperada busca por terra firme e enfrentando com enormes sacrifícios os mares mais tempestuosos do planeta, terminaram por aportar na desabitada Ilha Elephant, no ponto mais ao norte da Península Antártica.


Pela primeira vez em terra firme depois de quase um ano e meio no mar mas ainda sem esperanças de serem encontrados, Shackleton decidiu reforçar um dos escaleres - o James Caird e, com cinco dos seus melhores homens, partiu duas semanas depois para tentar alcançar as ilhas Georgia do Sul, onde poderiam encontrar ajuda nas estações baleeiras.

Os emocionantes momentos da despedida foram captados por Hurley, que ficou com os demais na depositando todas as esperanças de sobrevivência no grupo que partia:


A velejada entre Elephant e as Geórgias do Sul levou à prova não só a construção do James Caird, mas igualmente a resistência fisica e moral e as habilidades como navegadores dos seus tripulantes.

Em condições marítimas permanentemente tempestuosas somadas ao frio e ao gelo, o piloto Frank Worley tinha prejudicadas suas medições de navegação astronômica e pelo sol em função do movimento incessante das vagas e dos constantes nevoeiros, além de interferências na bússola pela proximidade de um dos pólos magnéticos da Terra.



Esta jornada que por si só é considerada um dos grandes feitos de navegação da história náutica (vide The Voyage of the James Caird) já inspirou tentativas de reprodução em tempos modernos, todavia sem qualquer sucesso.

O escaler James Caird foi recolhido e preservado e está hoje em exibição no Dulwhich College, em Londres, onde Shackleton estudou.

No dia 8 de maio de 1916, dezesseis dias depois de ter deixado 22 homens da sua tripulação isolados na Ilha Elephant, finalmente o James Caird aportou em uma praia isolada das Geórgias do Sul com a sua tripulação exausta mas com vida, embora no lado oposto onde estava a estação baleeira de Stromness e dela separados por uma cordilheira coberta de gelo e neve.



Exaustos com a jornada marítima, Shackleton dividiu novamente sua equipe e com mais dois homens e os poucos recursos que ainda restavam emprendeu uma travessia ininterrupta de 36 horas para enfim encontrar socorro em Stromness conforme se vê do diagrama abaixo, desenhado por ele próprio em suas memórias:



Entretanto, apesar do retorno ao contato com o mundo civilizado, o destino ainda tinha reservado para Shackleton outro desafio: resgatar os componentes da sua tripulação isolados na Ilha Elephant. Sem o apoio da Inglaterra envolvida com os esforços da I Guerra Mundial, Shackleton emitiu incessantes pedidos de resgate para os países geograficamente mais próximos - Argentina, Chile e Uruguai, o que lhe consumiu em pouco tempo muito da vitalidade e da aparência física conforme relatam aqueles que com ele conviveram.

Finalmente, depois de três meses de angústia o rebocador militar chileno Yelcho, em outra heróica jornada náutica, encontrando passagem dentre o gelo fundeou ao largo da Elephant Island por volta das 13:10 do dia 30 de agosto de 1916. Mais de dois anos depois da partida do Endurance da Inglaterra foram resgatados com vida todos os homens da tripulação, sem dúvida o maior mérito da liderança de Shackleton!



O mérito deste resgate é dividido com o comandante do Yelcho, Piloto Luís Pardo Villalón, uma vez que tratou-se de feito de grande coragem e perícia pois a embarcação não estava aparelhada para a missão, sem dotação de qualquer sistema de aquecimento, energia elétrica ou casco duplo próprio para os mares polares.

A chegada a Punta Arenas do Yelcho com Shackleton e sua tripulação incólume, propositalmente ainda sujos, desgrenhados, por barbear e com as roupas originais da expedição impregnadas de gordura de fuligem foi uma festa memorável, acompanhada por toda a população local e pelo governador chileno. E isto não foi nada comparado à recepção do Yelcho e Shackleton em Valparaíso em 27 de setembro, quando mais de 30 mil pessoas ocuparam o porto e as ruas vizinhas.



No seu retorno o Comandante Villalón foi imediatamente promovido e a façanha foi anotada com honra e mérito na sua folha de serviços, sendo lida na ordem do dia de todos os navios e repartições da Armada Chilena. Em complementação, recebeu ainda homenagem dos governos chileno e britânico e um abono equivalente a 10 anos de serviços concedido por lei especial do ano de 1918. Villalón e Shackleton tornaram-se grandes amigos.

O Yelcho por sua vez permaneceu em serviço ativo até o ano de 1958, quando foi desmanchado como sucata. A proa desta famosa embarcação foi preservada e hoje faz parte de um monumento em Puerto Willians em Isla Navarino, às margens do Canal de Beagle.


Voltando à Inglaterra e assim como vários dos seus companheiros expedicionários, Shackleton serviu na I Guerra Mundial e logo do seu término outra vez começou os preparativos para uma expedição antártica.

Entretanto sua missão com a humanidade já estava cumprida. Acometido de um ataque cardíaco faleceu a caminho da Antártica, nas Georgias do Sul, onde foi sepultado em 5 de janeiro de 1922. Tinha apenas 47 anos de idade.

Seu túmulo é hoje um local de homenagem e peregrinação obrigatória por todos os viajantes que se aventuram por aquelas latitudes.


Apesar da sua grandiosidade esta história permaneceu durante muito tempo à sombra da dramática conquista do pólo sul pela expedição antártica de Robert F. Scott. Com muita justiça foi resgatada em 1951 por Alfred Lansing a partir de documentos e testemunhos colhidos dos sobreviventes e publicada no livro "Endurance: A Incrível Viagem de Shackleton".





Mas se os méritos da liderança são de Shackleton, muito certamente toda a dramaticidade desta história não teria chegado até nós se não fosse o surpreendente trabalho de documentação produzido por Frank Hurley cujas fotos e filmes imortalizaram a saga do navio Endurance.

De forma tão fantástica quanto à sobrevivência do grupo, estas imagens foram preservadas por Hurley, que precisou jogar ao mar o seu equipamento profissional e selecionar algumas das melhores fotos e filmes, as quais milagrosamente protegeu seladas dentro de uma caixa de chumbo através de mares tempestuosos até o final da viagem.

Todas em preto-e-branco, ressaltam ainda mais a austeridade daqueles dias e resumem com fidelidade um inóspito ambiente que, quanto à cor, não possuía mais que variações de cinza e um branco infinito para oferecer às lentes do fotógrafo.

Captando também incríveis fotografias noturnas que deram ao Endurance uma fantasmagórica aparência, assim Hurley registrou parte de sua técnica:

“During night take flashlight of ship beset by pressure. This necessitated some 20 flashes, one behind each salient pressure hummock, no less than 10 of the flashes being required to satisfactory illuminate the ship herself. Half blinded after the successive flashes, I lost my bearings amidst the hummocks, bumping shins against projecting ice points and stumbling into deep snow drifts.”
Além das viagens de Hurley à Antártica, foi fotógrafo oficial durante a I e a II Guerra Mundial; viajando ainda pelo Oriente Médio, Egito e Nova Guiné, além da Austrália, sua terra natal.

A Biblioteca Nacional da Austrália guarda hoje uma coleção de 11 mil imagens captadas por Hurley entre 1910 e 1962, a Frank Hurley Negative Collection, as quais já estão em sua quase totalidade catalogadas e digitalizadas, estando integralmente disponíveis via internet.

Em complemento às belíssimas imagens postadas neste blog, na totalidade disponíveis na internet e na grande maioria com crédito de Frank Hurley, confira também alguns trechos dos filmes históricos sobre a Expedição Transantártica e algumas das cenas captadas pelo fotógrafo australiano:


A partir da obra de Alfred Lansing a literatura e a mídia debruçaram-se generosamente sobre o tema.

Poucos anos atrás e em conjunto com uma exposição permanente do American Museum of Natural History de Nova Iorque (http://www.amnh.org/exhibitions/shackleton/caird.html), foi publicado por Caroline Alexander o belo livro "Endurance - A Lendária Expedição de Shackleton à Antártida", disponível no Brasil em cuidadosa edição da editora Companhia das Letras, trazendo como ponto alto 140 das preciosas reproduções de Hurley, entremeadas por trechos dos diários da tripulação, numa emocionante reconstituição daqueles heróicos dias.

Com certeza o livro de Caroline Alexander não se sobrepõe à tradicional narrativa de Lansing, mas sim a completa sobremaneira, numa emocionante e delicada homenagem àqueles que encerraram com honra e coragem a era das grandes expedições marítimas.

Em 1994 a James Caird Society estabeleceu-se com o objetivo de preservar a memória das façanhas de Shackleton e teve como primeiro presidente vitalício o seu filho mais novo.

A história também já foi objeto de documentários e séries de televisão, uma delas estrelada por Kenneth Branagh.



POSTAGENS RELACIONADA NESTE BLOG: Se você gostou deste assunto, veja também a continuação em 

PARA SABER MAIS:

- New York Times - Veja a matéria sobre a viagem do Endurance originalmente pulicado em 16 de junho de 1916

Bibliografia (parcial):

- Endurance - a lendária expedição de Shackleton à Antártida, Alexander, Caroline. São Paulo, Cia. das Letras, 1999.

- A Incrível Viagem de Shackleton, Lansing, Alfred. São Paulo, Ed. Sextante, 2ª ed., 2009, ISBN: 8575421387

 - Sul - A Fantástica Viagem do Endurance. Shackleton, ErnestSão Paulo, Ed. Alegro, 2002, ISBN: 8587122363 ou em e-book disponível na internet: www.ibiblio.org/ebooks/Shackleton/South/South.htm

- Polar Castaways: The Ross Sea Party Of Sir Ernest Shackleton, 1914-17 de Richard McElrea (McGill-Queen's University Press, 2004) ISBN 0-7735-2825-3

- Shackleton, de Roland Huntford. 2nd edition 1996, Abacus History, London. 774pp ISBN 0-349-10744-0

- Shackleton's Forgotten Expedition: The Voyage of the Nimrod, de Beau Riffenburgh (Bloomsbury USA, 2004) ISBN 1-58234-488-4

- South with Endurance: Shackleton's Antarctic Expedition, 1914-1917 de Frank Hurley (Simon & Schuster, 2001) ISBN 0-7432-2292-X

- Shackleton's Forgotten Men: The Untold Tale of an Antarctic Tragedy, de Lennard Bickel, Rt. Hon. Lord Shackleton (Thunder's Mouth Press, 2000) ISBN 1-56025-256-1

- Leading at the Edge: Leadership Lessons from the Extraordinary Saga of Shackleton's Antarctic Expedition de Dennis N. T. Perkins, Margaret P. Holtman, Paul R. Kessler, Catherine McCarthy (American Management Association, 2000) ISBN 0-8144-0543-6

- The Endurance: Shackleton's Legendary Antarctic Expedition de Caroline Alexander (Knopf, 1998) ISBN 0-375-40403-1

- Ernest Shackleton, 1957, de James Fisher Sir Ernest shackleton, 2004, de Brigitte Lozerec'h


Bibliografia publicada por Ernest Shackleton:

- The Heart of the Antarctic: The Story of the British Antarctic Expedition 1907-1909, por Sir Ernest Shackleton (Collins) ISBN 1-903464-28-5

- Shackleton: The Polar Journeys: Incorporating the "Heart of the Antarctic" and "South" por Sir Ernest Shackleton (Collins, 2002) ISBN 1-903464-26-9

- South: Journals of His Last Expedition to Antarctica por Sir Ernest Shackleton (Robson Books, 1999) ISBN 1-86105-279-0

- South: The Story of Shackleton's Last Expedition, 1914-17 por Sir Ernest Shackleton (Ebury Press, 1991) ISBN 0-7126-3927-6

- Endurance: Shackletons Incredible Voyage por Ernest Henry, Sir Shackleton, Christopher Ralling (Peter Bedrick Books, 1986) ISBN 0-87226-082-8

- Aurora Australis por Sir Ernest Shackleton (Paradigm Press, 1986) ISBN 0-948285-07-9

- South: The Story of Shackleton's Last Expedition, 1914-17 por Sir Ernest Shackleton (Heinemann, 1970) ISBN 0-434-69500-9

Imagens em DVD:

- Shackleton - The Greatest Survival Story of All Time, com Kenneth Branagh (A&E Home Video, 2002) ISBN B000063TON

- The Endurance - Shackleton's Legendary Antarctic Expedition, narrada por Liam Neeson (Columbia Tristar, 2000) ISBN B0000A7W16

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Argentina/Cinema: A Patagônia na Tela

(Ricardo Darín no comovente "Kamchatka", 2002. Foto:divulgação)

A partir dos anos 90 o cinema Argentino entrou em uma fase de renovação e em 2000 iniciou uma década de ouro com obras excelentes da qualidade de "O Filho da Noiva" (El Hijo de la Novia), "Nove Rainhas" (Nueve Reinas), "Plata Quemada", "Kamtchatka", "Familia Rodante" (La Familia Rodante), "La Ciénaga", "El Abrazo Partido" e "El Aura", trazendo à lume grandes diretores como Lucrecia Martel, Daniel Burman, Marcelo Piñeyro, Juan José Campanella, Pablo Trapero e Carlos Sorín.

Como apreciador do cinema argentino contemporâneo, também chamado de o "Novo Cinema Argentino", especialmente de diretores como Carlos Sorin e Pablo Trapero e de atores como Norma Aleandro e Ricardo Darín, faz tempo que queria inserir no blog algumas dicas sobre filmes que assisti tendo como tema ou cenário a Patagônia.

De modo geral foram produzidos na última década e são road movies, perfeitos para quem busca como cenário o contraste dos dramas humanos e a sua pequenez diante das grandes solidões patagônicas, recheados com planos imensos e horizontes sem fim onde a luz e o céu são elementos essenciais na composição das imagens.

Assisti a todos embora não estejam integralmente disponíveis em DVD no Brasil. Aqui faço um voto de louvor para o Canal Brasil (cabo) que semanalmente transmite (ou transmitia) sua seleção de cinema argentino e onde quase todos estes filmes foram disponibilizados ao público brasileiro. Como opção e salvação da pátria, ainda bem que aí está a internet com seu incalculável acervo de informações, incluindo os filmes citados.

Independente da ordem cronológica, começo pelos filmes do Diretor Carlos Sorin, o qual já coleciona algumas memoráveis obras-primas.

HISTORIAS MÍNIMAS - Argentina-Espanha, 2002, de Carlos Sorin. Um dos meus filmes prediletos! Com um elenco majoritariamente amador, trata-se de três histórias de pessoas simples que viajam para a pequena cidade de Puerto San Julián, Província de Santa Cruz. Don Justo, um velho senhor que foge do filho e sai em busca do seu cachorro. Roberto, um caixeiro-viajante apaixonado por uma das suas clientes. María Flores, que está atrás do prêmio que ganhou em um sorteio de televisão. O filme, simples e humano, captura os detalhes reais da vida no interior da patagônia argentina, prendendo a atenção do início ao fim. Dentre muitos prêmios, ganhou o Goya de melhor filme estrangeiro em fala espanhola. Apesar de ter procurado, não encontrei o DVD disponível no Brasil - uma grande lacuna! -mas o filme pode ser visto na internet.

O CACHORRO (Bombón, el Perro) - Argentina, 2004, de Carlos Sorin. Apesar do título não ser exatamente atrativo, o conteúdo não deixa ninguém insatisfeito. Juan "Coco" Villegas, de pouca instrução e já na faixa dos cinquenta anos, leva uma vida pacata até que perde seu emprego no posto de gasolina onde trabalhava há vinte anos. Sem condições de sobreviver, sua vida começa a mudar (e como!), quando ele ganha de presente o cachorro Bombón. Felizmente disponível em DVD no Brasil.

A JANELA (La Ventana) - Argentina, 2009, de Carlos Sorin. Em um clima intimista e nostálgico o filme acompanha o último dia de vida de um escritor enquanto espera a chegada do filho em sua fazenda no norte da Patagônia. Até que o filho chegue, um pianista que vive no exterior, os empregados arrumam a casa e o pai sonha com amores passados. O uruguaio Antonio Larreta faz o papel principal e, diferente dos outros filmes de Sorín, este não é um road movie mas a trama continua centrada em histórias de gente simples e que, longe de serem banais, revelam grandes dramas e sonhos pessoais. Disponível no Brasil em DVD.

LA PELÍCULA DEL REY - Argentina, 1986, de Carlos Sorín. Obra de estréia do diretor, retrata as agruras e dificuldades de um cineastra com poucos recursos para filmar a vida do controverso personagem Oreille Antonie de Tounens, um audacioso francês que no século XIX se autoproclamou Rei da Patagônia após obter o apoio dos índios araucanos (este fato historico é tão interessante e insólito que mais adiante me ocuparei de relatá-lo especialmente aqui no blog). No filme, locado em meio ao deserto, o diretor, envolto em dificuldades cada vez maiores, assume uma personalidade quixotesca na deteminação de terminar seu trabalho a qualquer custo, ainda que contra um cenário real que aos poucos vai se desintegrando. Mesclando num clima fellinesco realismo e surrealismo, a loucura do diretor ao ver-se abandonado pelos que o cercam em meio a um ambiente hostil é também uma metáfora da situação política na Argentina durante a ditadura militar de 1976 a 1983. O filme recebeu vários prêmios mas pode não ser do gosto daqueles que preferem narrativas mais convencionais e menos experimentais. Não está disponível em DVD no Brasil.

EL AURA (El Aura) - Argentina, França e Espanha, 2005, de Fabian Bielinsky. Filme policial que surpreende pelo clima noir e por fugir do previsível. As locações são situadas na região montanhosa da Patagônia, provavelmente entre Bariloche e San Martin de los Andes. O ator Ricardo Darín faz o papel de um taxidermista que sofre de epilepsia, possuia uma memória fotográfica e obstina-se com a idéia de um crime perfeito. Sua vida passa a mudar quando é convidado para uma caçada... Gostei bastante e a produção e direção de imagens são excelentes. Recomendo! Disponível em DVD no Brasil.

KAMCHATKA (Kamchatka) - Argentina e Espanha, 2002, de Marcelo Piñeyro. Outro dos meus filmes prediletos. Com temática densa e estrelado por excelentes atores como Ricardo Darín e Cecília Roth, a obra retrata aos olhos de um menino de 10 anos a saga de sua família atingida pela repressão política nos anos 70 e que se esconde na zona rural ao sul da Argentina. Para aqueles que conhecem o clássico jogo "War", na sua versão argentina Kamchatka é o equivalente a "Vladivostok" no jogo brasileiro, a última região no longínquo leste asiático. Assim, sob a ótica infantil, Kamchatka passa a representar um lugar onde se está a salvo e se pode ganhar o jogo. Indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2002 considero este filme imperdível para aqueles que querem conhecer um pouco mais do clima político argentino durante os anos de chumbo da ditadura militar. Não perca! Disponível no Brasil em DVD.

CLEOPATRA - Argentina, 2003, de Eduardo Mignona. Um filme leve, muito divertido, que mostra a bela amizade nascida a partir do encontro casual de uma professora (Norma Aleandro), uma estrela de novela (Natalia Oreiro) e um trabalhador Rural que lhes dá carona (Héctor Alterio), cada um deles fugindo de problemas íntimos e que encontram uma identidade comum em sua fuga rumo ao sul da Argentina. Outro filme que vale a pena conferir, ainda que seja pela internet. Não encontrei DVD disponível no Brasil.

LUGARES COMUNES - Argentina e Espanha, 2002, de Adolfo Aristarain. História de Fernando, um professor da capital obrigado a se aposentar (Federico Luppi) e de sua esposa Liliana (Mercedes Sampietro), quando reavaliam suas vidas e decidem iniciar uma nova vida cultivando lavanda em uma pequena fazenda em Córdoba, norte da Argentina. Sei sim que isto não é na Patagônia! Mas o tema da fuga de Buenos Aires para o interior rural é tão similar aos road movies patagônicos que resolvi incluir esta obra os meus comentários. Também aqui está presente o componente político na pessoa do filho do casal, exilado em Madri e igualmente forçado a recomeçar sua vida em outro lugar. Enquanto Fernando ensaia tornar-se um escritor, fatos mudam completamente os planos do casal. Gostei! Não encontrei DVD no Brasil. Veja o filme na internet.

LA PUTA Y LA BALLENA - Argentina, 2004, de Luis Puenzo. Esta história se passa na região litorânea da Argentina, cerca de Peninsula Valdés e e trata de um escritor espanhol que encontra um antigo cofre com fotografias de um argentino que lutou na Guerra Civil Espanhola. Apesar das belas imagens e da trama interessante e romanceada, o filme deixou a desejar. Listo aqui por estar inserido na temática patagônica. Não encontrei DVD disponivel no Brasil.

ARIZONA SUR - Argentina, 2004, de Daniel Pensa e Miguel Angel Rocca. O filme é uma comédia estrelada por Nazareno Casero e Daniel Freire e tem uma trama fantasiosa. Uma mulher de 70 anos descobre que está grávida e seus dois filhos saem em busca do responsável (que coragem!). Achei razoável. Não encontrei em DVD no Brasil mas já foi transmitido via satélite pela Sky.

PATAGONIA REBELDE (La Patagonia Rebelde) - Argentina, 1974, de Hector Olivera. Deixei este por último este filme por ser uma obra já antiga, clássica, de cunho político e baseado na famosa obra de mesmo nome de Osvaldo Bayer. foi transmitida pela televisão brasileira várias vezes e desconheço se está disponível em DVD. Retrata fatos reais havidos em 1921, na Patagônia, quando trabalhadores rurais vivendo em condições degradantes decidem fundar o movimento Anarco-Sindicalista e reivindicar condições minimamente dignas de labor. O fuzilamento pelo exército de trabalhadores na Estancia "La Anita", perto de Perito Moreno ao sul da Argentina, tornou-se um fato marcante na história do país e do sindicalismo mundial. Para quem não se importa com filmes em preto-e-branco e uma linguagem cinematográfica antiga, este já é um clássico do cinema com intenso conteúdo humano e político. No elenco está também Héctor Alterio, do também sucesso argentino "O Filho da Noiva" de Juan José Campanella, o qual também recomendo!

Depois de ler todo este texto, então divirta-se agora com alguns trailers dos filmes acima:

HISTORIAS MINIMAS



KAMCHATKA


O CACHORRO



EL AURA

PATAGONIA REBELDE


quinta-feira, janeiro 07, 2010

Ecologia/Náutica: Drama nos mares do sul! Defensores das baleias perdem barco milionário


O Shonan Maru 2 e o Ady Gil

Todos conhecem o trabalho que organizações conservacionistas como o Greenpeace e o Sea Sheperd fazem contra a caça indiscriminada das baleias. Como estratégia para atrair a atenção da mídia global não são poupados quaisquer recursos no planejamento e execução de ações.

As manifestações conservacionistas, ao mesmo tempo surpreendentes e espetaculares, muitas vezes envolvem grande suporte financeiro, muita corajem dos seus militantes e alto potencial de risco humano.

E foi assim, numa das tantas batalhas com pesqueiros japoneses no Atlântico Sul que a ONG Sea Sheperd perdeu a pérola da sua frota no último dia 6, o interceptador rápido Ady Gil.

A embarcação de alta teconologia, com velocidade de até 50 nós e seis tripulantes era utilizada em ações midiáticas para interpor-se entre os arpões dos pesqueiros japoneses e as baleias e custou nada menos do que dois milhões de dólares para a entidade.

Afirma a Sea Sheperd que o pesqueiro japonês bateu propositalmente no seu interceptador, o qual terminou por afundar. A sua tripulação foi resgatada e um dos ecologistas sofreu graves ferimentos. Desde então baleeiros e ecologistas se acusam mutuamente pelo fato.


A Comissão Baleeira Internacional condena a atividade dos baleeiros japoneses, que a cada ano alega caçar baleias apenas com fins "científicos".

Veja as impressionantes imagens do acidente e conclua você mesmo se o baleeiro japonês abalroou ou não de forma proposital o Ady Gil:



O barco foi construído em fibra de carbono e kevlar e em 2008 ficou famoso no mundo inteiro por ter em reduzido em duas semanas (!!!) o recorde mundial de circunavegação ao globo (Veja em http://www.earthrace.net/ ). Ao ser comprado pela Sea Sheperd teve seu nome rebatizado de Earthrace para Ady Gil.

Reza a melhor tradição náutica que trocar o nome de um barco traz muito azar se não forem cumpridas certos rituais e formalidades com o Rei Netuno.

Acho que desta vez os conservacionistas ficaram devendo em suas obrigações...

E o Ady Gil...


... que antes se chamava Earthrace!

Fonte: TopSpeed

*** Se você quiser saber quais são os rituais necessários para rebatizar um barco sem atrair a ira do Rei dos 7 Mares então veja as bem-humoradas instruções do Mestre Danilo no Popa.Com, o melhor site náutico do Brasil: http://www.popa.com.br/docs/cronicas/plankton.htm.

Fotos: divulgação Sea Sheperd e Earthrace