Aron Ralston. Foto: Wikipedia |
Canyonlands/EUA. Foto: Wikipedia |
A "Grande Galeria", no Horseshoe Canyon, local onde se acidentou Aaron Ralston. Foto: Wikipedia |
Resistência, força moral e física, coragem sobre-humana, preparo psicológico, autocontrole, conhecimentos técnicos, audácia, inteligência... Uma quantidade imensa de adjetivos poderiam ser invocados para qualificar Aaron que depois do feito se transformou em uma celebridade no mundo outdoor e no circuito de palestras motivadoras.
Outside Magazine, Setembro/2004 |
Também estive certa vez em Canyonlands, Utah, onde um dos maiores perigos para os praticantes de canionismo é justamente estar preso dentro de um cânion durante uma enxurrada. Isto sem considerar ainda um braço esmagado sob uma pedra enorme.
Passados alguns anos, em 2011 foi lançado no Brasil o filme 127 Horas (127 Hours) e, na sua esteira, o livro, que aqui recebeu o mesmo título.
Não pude deixar de conferir as duas mídias e procurei não ler qualquer artigo de crítica antes de o fazê-lo. Já saber como termina a história e que o mordomo não é o assassino prejudica um pouco a expectativa de ler o livro e ver o filme.
A técnica literária adotada por Aron no seu livro é bem conhecida quando se quer estender uma história originalmente curta e o autor vai entremeando na narrativa pequenos textos com outras referências que complementam o tema da obra. Não que isto seja uma regra pois Bruce Chatwin a utilizou magistralmente em "Na Patagônia", um verdadeiro clássico das narrativas de viagem.
Mas no caso de 127 Horas ainda fico com a objetividade de "Tocando o Vazio", de Joe Simpson pois achei um pouco cansativa e um tanto excessiva a longa descrição de Ralson de toda a sua formação no montanhismo e vida de aventuras, enquanto o tema principal do livro acaba, por vezes, ficando em segundo plano. E não falta humildade ao autor. Fiquei na dúvida se um "ghostwriter" não o ajudou a redigir a obra. Fica aí o meu palpite.
De qualquer forma vale a pena conhecer a história, um exemplo de coragem e superação, principalmente para aqueles que trabalham com segurança em atividades outdoor e resgate em locais remotos. Sem dúvida a criatividade de Aron salvou a sua vida pois com os poucos pertences que tinha com ele conseguiu improvisar um sistema de suporte de vida que o ajudou a sobreviver onde qualquer outro certamente teria perecido. Também são bastante interessantes as fotos originais feitas por ele nesta já mundialmente célebre jornada.
O ator James Franco como Aron Ralston. Desempenho e semelhança física impressionantes! Foto: Divulgação |
Já o filme assisti em DVD e, comparado com a obra escrita, vai direto ao ponto, quase um documentário. O trabalho de James Franco no papel de Ralston está excelente e a semelhança física é impressionante.
Gravar um filme inteiro retratando alguém que passa 127 horas em um mesmo lugar é com certeza um desafio e o produtor Danny Boyle mandou bem. Com um tema onde o uso de recursos tecnológicos fica bastante limitado, ele abusou da música, iluminação, perspectivas, composição, tudo com uma caprichada direção de fotografia.
A tônica do diretor foi exacerbar o foco nos pequenos utensílios levados por Aron e a partir dali ir ir traçando a perspectiva do filme. Todavia, mesmo tendo recebido seis indicações para o Oscar, lá pelas tantas o filme cansa com as constantes intervenções das memórias do aventureiro e a gente quer logo chegar na parte final para ver como ele cortará o braço....
Enfim, com um grande realismo e bastante convincente, recomendo tanto o livro quanto o filme, em especial para a galera que gosta de uma aventura longe dos confortos da civilização. Junto com o já cult "Tocando o Vazio", de Joe Simpson, esta certamente é uma história que veio para ficar e se tornará um dos grandes clássicos da aventura.
Ah, e quando sair para uma destas aventuras, por favor, não esqueça de deixar um bilhete para sua mãe avisando para onde foi!
127 Hours. Foto: Divulgação |
- 127 Horas, o filme: 94 minutos, lançado no Brasil em 2011, disponível em DVD
- 127 Horas, o livro: São Paulo: Seoman, 2011, 415 p., ISBN 978-85-98903-25-5, R$ 39,90
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