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Trinta-Réis na zona costeira da Estação Ecológica do Taim. Foto: João Paulo Lucena |
Ali foi criada a Reserva Ecológica do Taim para preservar as últimas áreas de banhado do Rio Grande do Sul, formados a partir do prolongamento assoreado da Lagoa Mangueira, e evitar a extinção de espécies como o cisne-de-pescoço-preto. A unidade de conservação abriga diversos ecossistemas de praias lagunares e marinhas, lagoas, pântanos, campos, cordão de dunas e campo de dunas.
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Estação Ecológica do Taim - Municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar/RS |
A flora compõe-se principalmente de vegetação típica de campos, figueiras, corticeiras, quaresmeiras, orquídeas, bromélias, cactos, juncos e aguapés.
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Emas, bastante comuns nos campos da região. Foto: João Paulo Lucena |

Jacaré nos banhados do Taim. Foto: Renato Grimm
Lembro desde pequeno das tantas passagens que fiz com meus pais pelos 15 km da BR-471 que cruzam a reserva ecológica do Taim. Repleta de capivaras, jacarés, tartarugas e aves migratórias de todos os tipos, os animais eram (e ainda são) facilmente avistáveis desde a estrada e constituíam um dos principais atrativos da longa viagem entre Porto Alegre e La Coronilla, já do outro lado da fronteira internacional com o Uruguai.
Para uma criança nascida e criada na cidade grande, a visão destes animais libertos em seu próprio ambiente, longe das enfadonhas visitas ao jardim zoológico, era o prenúncio da tão esperada quebra da rotina que acompanha o período de recesso escolar. Além disso, passar pelo Taim significava que também já estava próxima a fronteira brasileira com o vizinho Uruguai, onde o mundo conhecido se transmudava em um novo espaço de ricos sotaques, aromas e sabores estrangeiros.
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Pausa para o mate... Foto: João Paulo Lucena |
Transcorrido o tempo e já distantes os anos de chumbo, a condição de efêmero passante transformou-se na de visitante regular, admirador da diversidade da fauna e da flora e, mais do que tudo, dos grandes espaços da planície costeira do Rio Grande do Sul.
Hoje, não mais de passagem mas sim como meu destino principal, volto ao Taim para me apropriar da sua paz, fotografar e percorrer seus tantos quilômetros de trilhas de campos, dunas e banhados, visitando capelas seculares e faróis perdidos entre horizontes de areia e o perigoso mar do Rio Grande do Sul.

Vista nordeste desde o Farol de Albardão. Foto: João Paulo Lucena
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Margaridas típicas da flora que recobre o cordão de dunas. Foto: João Paulo Lucena |
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Capivaras ao final da tarde, à margem da Lagoa Mirim. Foto: João Paulo Lucena |
A programação foi variada e intensa. Em paralelo com as gravações de TV tivemos todo o tempo do mundo para visitar a estação ecológica e seu pequeno museu, observar os animais no banhado, deliciar-nos nas águas transparentes da Lagoa Mirim, percorrer trilhas de 4x4 e se extasiar com a paisagem litorânea repleta de dunas e faróis.
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Banho nas águas doces da Lagoa Mirim. Vila do Taim. Foto: João Paulo Lucena |
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O uso de técnicas de condução 4x4 foram um dos objetivos da equipe de televisão. Foto: Renato Grimm |
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Vista sudeste desde o Farol do Albardão. Foto: João Paulo Lucena |
Junto com vários amigos a diversão foi garantida, reforçando laços de afeto e de união entre pai e filhos. Conosco estavam parceiros de longo tempo: Renato Grimm, fotógrafo de natureza, e Rui Ehrenbrink, da Rotas e Trilhas. Além de um final de semana cheio de novos conhecimentos bebidos diretamente da fonte, quebrou-se para as crianças aquela urbana rotina de intermináveis aniversários infantis, horas de televisão e partidas de videogame...


Observando pássaros com fotógrafo Renato Grimm e o ornitólogo curitibano Raphael Luiz Sobania. Será que existem professores melhores? O que se aprende na prática não se esquece jamais... Fotos acima Ana Karina Belegantt. Canon G9
Em um dos dias fomos visitar a área da reserva junto ao mar, passando pelos Faróis Verga e Albardão. Com direito a várias paradas, em comboio de 4x4 avistamos grande variedade de pássaros, restos de naufrágios, lobos e tartarugas marinhas e até uma grande baleia junto à areia da praia.
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Foto: João Paulo Lucena |
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Foto: João Paulo Lucena |
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Passamos por um dos marcos da presença humana nestes confins solitários. O Farol Verga possui 11 metros de altura e foi construído em 1964. Foto: João Paulo Lucena |
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O Farol de Albardão é de 1909 e com 40 metros de altura seu sinal luminoso alcança quase 80 quilômetros. Foto: João Paulo Lucena |
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Foto: João Paulo Lucena |
Sendo um dos poucos ainda guarnecidos (com pessoal da Marinha residente no local), quem vencer a sua escadaria de 209 degraus será presenteado com 360 graus da típica paisagem costeira do litoral gaúcho...
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Foto: João Paulo Lucena |
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Foto: João Paulo Lucena |
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Foto: João Paulo Lucena |
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Foto: João Paulo Lucena |
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Foto: João Paulo Lucena |
E... com um pouco de sorte e bom tempo... também com um magnífico pôr-do-sol...
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Foto: João Paulo Lucena |
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Foto: João Paulo Lucena |
Antigamente toda a região estava abrangida pelos Campos Neutrais, denominação dada pelo Tratado de Santo Idelfonso em 1777 a uma faixa de terra demarcada que se estendia do Taim até o Chuí e que não pertencia nem a portugueses, nem a espanhóis. Este espaço foi palco durante muitos séculos de grandes revoluções e acirradas batalhas por disputas territoriais e políticas.
Visitamos a Capela do Taim (conhecida como Capilha), sobre a única linha de falésia viva da Lagoa Mirim. Os fundamentos da primeira construção espanhola são de cerca de 1700 (!) e agora este importante patrimônio histórico está sendo restaurado por arqueólogos da Universidade Federal de Rio Grande - FURG.
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Foto: João Paulo Lucena |
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Foto: João Paulo Lucena |
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Foto: João Pedro de Azevedo Lucena |
E como se diz por aí... fiquem conosco e até a próxima!

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IMAGENS: Todas as fotografias sem indicação específica de crédito são de minha autoria. Equipamentos utilizados: Canon EOS-1D e Canon G9. Copyright©João Paulo Lucena 2010
DICAS DE VIAGEM:
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Foto: João Paulo Lucena |
- Pedágios: Entre Porto Alegre e o Taim são 370 Km e existem CINCO (!) pedágios a R$ 7,20 reais cada um. Significa R$ 72,00 apenas para ir e voltar, sem contar o combustível...
- Combustível: Se estiver rumando ao Taim desde Porto Alegre, não deixe de encher o tanque de combustível em Rio Grande pois o próximo posto de abastecimento será somente em Santa Vitória do Palmar. No Taim não há combustível para venda!
- Repelente: leve muito pois os mosquitos são insaciáveis nas regiões de banhado...
- Celular/Internet wireless: A comunicação é muito deficiente. A única operadora que possui antena na Vila do Taim é a Vivo.
- GPS: S323218.6 e W523217.8
PARA SABER MAIS:
- Visitas: Na sede do Instituto Chico Mendes (Fone (53)3503-3151 , 2ª/6ª 8h30/12h, 13h30/18h), na beira da rodovia, pode-se visitar um pequeno museu com animais taxidermizados e assistir a um vídeo sobre o ecossistema. No entorno da estação há quatro trilhas (de 1h30 a 2h cada) monitoradas (agendar).
- Reportagem: Especial sobre o Taim
- Blog: O Taim pegou fogo!
- Sobre as pesquisas arqueológicas da Capela do Taim:
- Equipe da Furg faz trabalho arqueológico no Taim Equipe da Furg faz descoberta arqueológica no Taim Arqueólogos encontram vestígios de templo erguido há 300 anos em Rio Grande
- FURG entrega à Diocese trabalho da Capela do Taim
- Restauro da Capela do Taim - RS
POSTAGENS RELACIONADAS AO TAIM NESTE BLOG:
- Cinema: Câmera de filmar x Câmera fotográfica. As novas tecnologias em longa-metragem de Carlos Gerbase. Locações nos barrancos da Lagoa Mirim, junto à capela centenária.
- Ecologia: Costeau na Lagoa do Peixe. A visita de Jean-Michel Costeu à Lagoa do Peixe e Reserva do Taim.
Ótimo blog, adorei esse post e as fotos, parabéns!
ResponderExcluirO unico fato a lamentar é que o unico restaurante lancheria não funciona aos domingos .???
ResponderExcluirOssos do ofício para quem gosta de lugarejos pequeninos como este... Abraço!
Excluirola Joao Paulo td bem? pode dar dicas de pousadas e mais dicas de locais para visitação? abcs Francisco
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