sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Náutica: O Mar de Dentro - Velejando na Lagoa dos Patos

A missão não é fácil, porém cobiçada por qualquer marinheiro que se preze: buscar um veleiro na cidade de Rio Grande, na foz da Lagoa dos Patos com o Oceano Atlântico, e levá-lo com segurança a Porto Alegre, às margens do Rio Guaíba, em uma navegada de mais de 180 milhas náuticas (333 Km).

O trajeto é considerado o maior percurso em água doce do hemisfério sul e tem sido palco não só de naufrágios devido às ondas e bancos de areia da lagoa, mas também de competições memoráveis como a histórica Regata Almirante Tamandaré, que comemorou o bicentenário do patrono da Marinha Brasileira.

A Lagoa dos Patos - que tecnicamente é uma laguna pois se comunica com o mar - é a maior da América do Sul.

Carinhosamente conhecida dos gaúchos como o seu "Mar de Dentro", possui 280 Km de extensão, 70 Km na parte mais larga e está separada do Atlântico somente por uma longa restinga de areia com largura média de 8 Km.

A Lagoa dos Patos vista desde satélite. Bem abaixo está a sua foz com o Oceano Atlântico, junto à cidade de Rio Grande. Bem ao norte o estuário do Rio Guaíba, onde está Porto Alegre. Faremos o percurso semelhante ao da Regata Almirante Tamandaré - vide abaixo. Foto: Wikipedia.
A histórica Regata Almirante Tamandaré. De Rio Grande a Porto Alegre, o mais longo percurso em água doce do hemisfério sul. Para buscar o veleiro Arraia Manta seguiremos o mesmo trajeto. Imagem: Popa.Com - Danilo Ribeiro (uso autorizado)
Por sua ligação com o oceano e o estuário do Rio Guaíba, às margens do qual hoje situa-se Porto Alegre, a navegação por esta rota vem se dando desde a época dos descobrimentos, remontando os primeiros registros da sua existência a 1554, quando embarcações espanholas teriam buscado abrigo na sua foz, junto à barra de Rio Grande.

Ao longo das margens do Mar de Dentro vários municípios disputam a chamada "Costa Doce", com sossegadas praias de areia branca, dunas, figueiras e locais isolados de uma beleza agreste e ainda intocada.

Então fomos buscar o Arraia Manta, um veleiro de 36 pés recém adquirido pelo Comandante João Baptista Beck, meu caro amigo Tita, retraçando a rota dos primeiros colonizadores do Rio Grande do Sul.

Por três dias singramos uma imensidão de água doce, vigiados de longe por faróis centenários e garças curiosas. Como companhia nada mais que o vento e a fraternidade dos marinheiros.

Acompanhe a a nossa viagem por aqui!

Pôr-do-sol no Porto do Barquinho, costa leste da Lagoa dos Patos. Foto: João Paulo Lucena
O antigo Farol Cristóvão Pereira, de 1886. Foto: João Paulo Lucena



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