Pilotando o Arraia Manta em Rio Grande. Foto: Ana Karina Belegantt |
Finda a nossa jornada pela Lagoa dos Patos, faço aqui alguns comentários gerais.
Distância percorrida - 160 milhas náuticas (296 Km).
O veleiro - Costuma-se referenciar as embarcações pela classe ou estaleiro de origem e o seu tamanho. No nosso caso estávamos em um Delta 36, construído pela Delta Yatchs de Gravataí/RS, com 36 pés (11 metros).
O Arraia Manta ainda com o antigo nome pintado no costado e fundeado na Praia do Sítio. |
- Arrais Amador - Permite a condução de embarcações de esporte e recreio, em qualquer tamanho e peso, à vela ou a motor, dentro do limite de águas abrigadas (rios, canais, lagos, lagoas, represas, baías, etc.)
- Mestre Amador - Amplia o limite acima para águas costeiras até aproximadamente 40 milhas da terra (74 Km), entre portos nacionais e estrangeiros.
- Capitão Amador - Habilitação máxima para um amador, autoriza a navegação transoceânica.
Para uma viagem relativamente longa como a nossa, a cautela recomenda que pelo menos duas pessoas estejam habilitadas a pilotar o barco. No Arraia Manta tínhamos dois capitães e um arrais amador.
A partir dos 4 anos de idade qualquer pessoa pode aprender a navegar, independente de condição física.
Crianças à bordo - É claro que em uma embarcação em movimento sempre haverá certo risco para os tripulantes, crianças ou não. A chave é primeiro reconhecê-lo e depois preveni-lo e controlá-lo. Crianças de qualquer idade podem viajar em um barco à vela, variando os cuidados necessários conforme a sua idade. Há que ter precaução para não se perder o equilíbrio quando o barco balança com as ondas, quando singra adernado, com os movimentos bruscos dos cabos e da retranca da vela mestra e, por óbvio, para não cair na água.
O nosso tripulante mirim tinha 12 anos de idade, experiência em velejadas anteriores e sabia nadar. As precauções maiores eram tomadas à noite, quando ele somente subia ao convés com um salva-vidas inflável e um sinalizador estroboscópico de emergência, pois uma das tarefas mais difíceis em uma embarcação é regatar um "homem ao mar" durante a noite. Com meus filhos que são ainda menores que o Pipe costumo utilizar também uma "linha de vida", um cabo de segurança com presilhas nas pontas que prende o tripulante pelo peito ou cintura a um ponto de segurança no barco.
Um registro especial: o Pipe foi de um desempenho exemplar, da manhã à noite fazendo companhia a quem estava pilotando na roda do leme, bem-humorado, prestativo, interessado em aprender e sem apresentar reclamações ao comando uma única vez! Em suma, um perfeito parceiro de navegação!
A água da Lagoa dos Patos - Tínhamos a bordo um bom suprimento de água potável para consumo humano e os banhos eram todos nas águas navegadas. Com exceção dos portos e zonas próximas a centros urbanos, a água da Lagoa dos Patos é limpa, livre de poluição.
Como em verdade a lagoa é uma laguna pois se comunica com o oceano, a água doce se mescla com a salgada em uma extensão que varia conforme o regime de ventos, das correntes, marés e da época do ano. No verão a salinidade mais concentrada provoca maior limpidez e a cor esverdeada das águas, ao mesmo tempo em que permite a pesca de camarões e lulas. A cidade de Rio Grande é um dos grandes centros pesqueiros destes produtos.
Na medida em que se avança na lagoa rumo norte, para o estuário do Rio Guaíba, vai diminuindo a salinidade e as suas águas vão se tornando um pouco mais escuras e turvas, em um tom de chá, mas ainda assim limpas o suficiente para permitir a pesca abundante e banhos memoráveis!
A ala masculina da tripulação se refresca nas águas límpidas ao largo do Farol Capão da Marca, margem leste da Lagoa dos Patos. Foto: Ana Karina Belegantt |
Confira alguns relatos e fotos AQUI e AQUI!
Golfinho avistado em 2009, nas águas doces da Enseada de Tapes, a 110 milhas do Atlântico. Fonte: Popa.Com - Danilo Ribeiro |
O preço varia conforme o tamanho do camarão, se está descabeçado ou totalmente descascado. Como não chegamos em boa hora no mercado acabamos pagando R$ 18,00 pelo quilo, ainda assim mais barato do que no supermercado.
Marinheiro Pipe adquire estratégico conhecimento náutico: como escolher camarão para a bóia da tripulação! |
Bom, por enquanto era isto.
Até a próxima aventura!!
IMAGENS: João Paulo Lucena e Ana Karina Belegantt
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