segunda-feira, janeiro 10, 2011

Argentina/Montanhismo: Fim da polêmica, família decide e Bernardo ficará no Fitz Roy


A famosa "Via do Compressor" - Cerro Fitz Roy. Fonte: Alpinisonline

Parece que finalmente a discussão quanto ao envio ou não de equipe resgate ao topo do Fitz Roy está terminando, tema que ganhou um enorme espaço nas mídias brasileira e argentina e que a partir de certo limite - já ultrapassado - desgasta tremendamente aqueles que lhe eram próximos.

Para divulgação de informações pelo menos uma emissora de televisão brasileira enviou equipe de reportagem para cobertura direta do caso, a qual se juntou aos jornalistas já presentes no local.

Não fossem as importantes funções exercidas por Bernardo Collares na Federação de Montanhismo do RJ e na Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada talvez não tivesse sido tão grande a exposição do acidente, dando a imprensa muito mais relevância aos aspectos negativos da escalada do que aos grandes feitos de Collares, escalador extremamente querido e respeitado no meio do montanhismo.

Tanto a imprensa brasileira quanto argentina informaram que os familiares do montanhista entraram em consenso com as autoridades para deixar o corpo de Bernardo Collares na montanha, dados a absoluta impossibilidade de que ainda estivesse vivo e os enormes riscos que envolveriam uma tentativa de resgate em meio a fortes ventos com força de furacão e temperaturas inferiores a - 15ºC.

Em nome da família de Bernardo tem falado sua irmã Erika Collares, desde alguns dias em El Chaltén para acompanhar os desdobramentos do caso. Já em torno da segunda escaladora e única testemunha do acidente, Renata "Kika" Bradford, formou-se uma verdadeira blindagem após o acidente e dela nada mais se soube após o comunicado inicial do acidente.

Em função dos fatores de risco e das investigações feitas a justiça argentina poderá reconhecer por presunção o óbito de Bernardo, requisito essencial para que seja fornecido o necessário atestado à família e dado seguimento às formalidades legais subsequentes à sua morte.

Carolina Codó, coordenadora dos trabalhos de resgate em El Chaltén informou que, mais adiante, quando o tempo melhorar, um grupo de escaladores experimentados poderá subir o Fitz Roy para localizar o escalador e captar algumas imagens destinadas exclusivamente à família.

Segundo El Periódico Austral Carolina Codó reuniu-se com Erika Collares e enviou emails aos familiares de Bernardo, explicando os detalhes do acidente e os motivos pelos quais não foi despachada uma equipe de resgate, o que poderia causar novas e desnecessárias vítimas .

Declarou Codó que "el cuerpo Bernardo está en un lugar que para nosotros los escaladores es majestuoso”. Ao que complementou:

“Sin conocerlo personalmente, sé que era su sueño escalar el Fitz Roy como también es el mío. Por lo tanto él falleció tratando de cumplir su sueño, lo cual habla de una persona valiente y que disfruta de la vida, obligación que todos tenemos”.
Veja aqui a matéria veiculada ontem no Programa Fantástico, da Rede Globo:




ALGUMAS NOTÍCIAS VEICULADAS NA IMPRENSA:

- Estado de São Paulo - Família desiste de resgatar corpo de alpinista que caiu no Monte Fitz Roy
- EBand - Família de alpinista brasileio desiste de resgate na Patagônia
- La Opinión Austral - Familiares del andinista se reunieron con autoridades en El Chaltén
- El Periódico Austral - El cuerpo del andinista brasileño quedará en la montaña


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Um comentário:

  1. Ele não teve uma morte bonita. Morte bonita é a de quem morre na velhice, de causas naturais e sem muitas dores, após uma vida bem vivida. Ele morreu na metade de sua vida, e de uma morte violentíssima. Vida bem vivida é aquela que é aceita.
    Eu o conheci pessoalmente. Não queria essa morte pra ele.
    O com que a comunidade de montanha sempre se irrita quando acontece uma morte no esporte é isso: o óbvio do bom senso de que trata-se de um esporte suicida para muitos de seus praticantes. É bem verdade que há muitos deles que se aposentam numa boa, inclusive com pouquíssimo histórico de acidentes, mas... De repente... Lá vai mais um... Então... Dentre todos os escaladores, nunca se sabe quais são os suicidas, ou não. Isso vai se sabendo à medida que morre um deles, e só os que sobram é que se pode presumir que não o são.
    Aliás e PS: Robert FitzRoy foi um militar inglês que se suicidou aos 59 anos de idade.

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